Contexto global e cenário para o Brasil

Na última quinta-feira, 12 de junho de 2025, Israel realizou um ataque em larga escala contra o Irã, mirando instalações nucleares e de mísseis balísticos.

A resposta iraniana veio na madrugada seguinte, elevando temores de uma guerra regional significativa. O reflexo imediato desse evento foi um aumento próximo de 7% nos preços do petróleo bruto .

Em meio a esse clima, investidores globais buscaram ativos tradicionalmente considerados “refúgios seguros” — como dólar e ouro — enquanto se afastavam das ações e outros ativos de risco .


Impacto no Ibovespa

Queda e recuperação semanal

O Ibovespa registrou uma queda de 0,43% na sessão de sexta-feira (13 de junho), fechando aos 137.212,63 pontos. Ainda assim, acumulou um ganho de 0,82% no fechamento semanal, após três semanas consecutivas de baixa.

A sessão da sexta-feira foi marcada por forte aversão a risco (“risk-off”), em consonância com as bolsas dos EUA — S&P 500 caiu ~1,1%, Nasdaq -1,3% e Dow Jones -1,8%.

Dólar e juros

O dólar comercial fechou praticamente estável a R$ 5,54, com leve recuo semanal de cerca de 0,5%. Já o mercado de juros futuros — taxa DI — manteve estabilidade, sem grandes oscilações, mesmo em meio à aversão global.


Como o conflito afetou setores na B3

Petróleo e energia

A alta do petróleo beneficiou fortemente ações de empresas do setor. Petrobras (PETR3/PETR4) e PetroReconcavo (RECV3) tiveram resultados positivos:

  • Petrobras subiu cerca de 2,1% no dia.
  • PetroReconcavo valorizou-se 2,7% .

Esse desempenho contribuiu para mitigar parcialmente a queda geral do Ibovespa .

Turismo e consumo

Empresas ligadas a turismo e consumo sintomaticamente sofreram as maiores quedas:

  • CVC (CVCB3) recuou 8,3%.
  • Magazine Luiza (MGLU3) caiu 7,1%.

Esse movimento reflete o temor de que uma escalada do conflito leve a restrições globais, pressionando esses setores.


Análise macroeconômica e fluxo de capital

Movimentação de capitais

Segundo a Reuters, investidores globais estão direcionando recursos para mercados emergentes como o brasileiro, estimulados pelo elevado retorno dos juros e desvalorização de ativos em outros lugares. Esse fluxo positivo permitiu que o Ibovespa fechasse em alta no acumulado semanal, mesmo em meio ao choque geopolítico.

Impacto inflacionário

Petróleo acima de US$ 75 o barril implica pressão inflacionária global. Com a inflação internacional tendendo a subir, bancos centrais podem manter políticas monetárias rígidas por mais tempo. No Brasil, esse cenário reforça expectativas de juros altos pelo Copom, implicando menor apetite por ativos de risco.


Perspectivas para a próxima semana

  1. Tensão geopolítica: se o conflito se intensificar, a aversão a risco pode persistir. Isso manteria o dólar forte e pressão sobre ações de setores cíclicos (turismo, varejo).
  2. Petróleo: novos choques no preço do petróleo manteriam o protagonismo dos valores de energia.
  3. Fluxo externo: índices brasileiros ainda atraem estrangeiros, especialmente diante de juros reais elevados e mercados mais baratos em comparação aos EUA, China e Índia .

Além disso, indicadores domésticos como os dados de serviços (lucraram 0,2% em abril) indicam uma leve perda de dinamismo no consumo, reforçando o viés restritivo no cenário interno.


Conclusão

A última semana na B3 foi marcada por volatilidade, mas encerrada em leve alta de 0,82%, aponta estabilidade diante de tensões globais. A queda de 0,43% da sexta-feira reflete uma resposta típica a choques geopolíticos, mas a força dos setores de energia e o interesse externo funcionaram como amortecedores.

Se o conflito no Oriente Médio recuar, a confiança pode retornar e manter o impulso comprador em ativos brasileiros caros, mas ainda atrativos. Já uma escalada — ou interrupção das negociações — pode gerar nova rodada de venda de risco e previsão de juros mais firmes, pressionando a Bolsa e o crescimento doméstico.

Nesse cenário, investidores devem observar com atenção:

  • novas notícias sobre o conflito no Oriente Médio;
  • evolução dos fluxos externos;
  • comportamento dos preços do petróleo;
  • indicadores econômicos como inflação, serviços e decisões do Copom.

A curva dos juros brasileiros e a estratégia de posicionamento em ações ficam sensíveis a esses vetores. Portanto, manter vigilância diária será essencial tanto para gestores institucionais quanto para investidores individuais em 2025.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.